sexta-feira, 18 de junho de 2010

sexta-feira, 18 de junho de 2010

DISCUSSÕES

Controle da leishmaniose causa polêmica entre veterinários e governo em Minas

O MGTV já exibiu várias reportagens sobre a leishmaniose - doença que preocupa as autoridades de saúde e provoca muita discussão. O governo determina que os cães contaminados sejam sacrificados, para controlar a transmissão para o homem.

Mas alguns especialistas defendem o tratamento, para preservar a vida principalmente dos animais de estimação.

O assunto é tão polêmico que telespectadores do MGTV nos mandaram dezenas de e-mails pedindo que o assunto fosse abordado novamente.

E é o que a gente faz nesta segunda-feira. Nossos repórteres voltaram a ouvir autoridades e especialistas. E mostram os dois lados da questão: delicada no aspecto emocional, de quem pensa nos animais, mas também importante do ponto de vista de quem precisa cuidar da saúde pública.

- O tratamento para a leishmaniose visceral canina é hoje um fato científico, conhecido nacional e internacionalmente. Nós temos diversos trabalhos publicados em muitos congressos, principalmente internacionais e um fato conhecido no exterior também que o tratamento propicia uma longevidade pro cão e propicio qualidade de vida pro cão e ele diminui drasticamente a possibilidade desse cão estar atuando como reservatório ativo como um transmissor pelo mosquito, disse o veterinário Leonardo Maciel Andrade.

A leishmaniose é transmitida pelo mosquito-palha. Ao ser picado, o cão se torna um vetor da doença. E um outro mosquito que picar o animal pode depois infectar o homem. A leishmaniose não tem cura, e tanto o Ministério da Saúde como o Ministério da Agricultura não reconhecem o tratamento existente hoje para controle da doença.

- Na verdade o tratamento não é válido. Não é preconizado porque ele não tem uma eficácia comprovada no cão. Então, ele pode estar entre aspas curado, parecendo estar curado, não tem nenhum sintoma, mas ele continua transmitindo a doença, o parasita ainda continua com ele. Ele é potencial risco a transmissão da doença, comentou a coordenadora de Zoonozes de Secretaria do Estado da Saúde, Mariana Gontijo de Brito.

Por isso, para as autoridades de saúde, não há outra solução senão o sacrifício dos cães infectados.

- Na verdade, o animal com leishmaniose, com reagente positivo de leishmaniose não tem cura pra doença. Então, ele tem que tá sendo eutanasiado por quê? Além dele não ter cura, a doença não tem cura no cão, ele torna um potência reservatório pra transmissão da doença pras pessoas ao redor que ele convive, ao redor, defende a coordenadora de Zoonozes.

Medida contestada por veterinários.

- A eutanásia indiscriminada de cães se tornou ineficiente nos últimos anos. A gente precisa reverter esse quadro e adotar novas políticas, mais modernas, mais coerentes e mais eficientes em controlar a doença tanto para o cão quanto para os humanos. E a matança indiscriminada não é eficiente, rebateu o veterinário.

Em 2003, a Universidade Federal do Rio de Janeiro desenvolveu uma vacina para prevenir a doença, que também é defendida por alguns veterinários.

- A gente tem uma experiência prática na vacina. E os trabalhos publicados tanto no Brasil quanto fora do Brasil, a eficácia dela hoje vai de 82% a 96%, contou Luiz Fernando Ferreira, clínico veterinário.

O governo considera que a vacina ainda está em fase de testes.

- Estudos que foram feitos, publicados, já dessa vacina, mostram que a eficácia é em torno de 75%. Porém, foram levantados alguns questionamentos em relação a esses próprios estudos. Precisam ter uma amostra maior de cães vacinados, numa área de transmissão mais intensa e estão sendo feitos esses estudos pra comprovar a eficácia ou não dessa vacina. Esses resultados a gente ainda não tem, disse a vice-chefe do laboratório de leishmaniose da Fiocruz, Célia Maria Ferreira Gontijo.

Veterinários também apontam outras formas de controlar a doença.

- Eu uso o repelente contra o mosquito no cachorro, tem coleiras, tem sprays e eu cuido do ambiente. Se cada um cuidar do seu jardim, da sua garagem, do seu canil, do seu quintal, tirando fezes, lixo, folhas umidade, o mosquito vai desaparecer e a leishmaniose vai desaparecer, encerra o veterinário Leonardo Andrade.

Segundo o último balanço da Secretaria Municipal de Saúde, neste ano, em Belo Horizonte, exames de sangue realizados constataram amostras positivas para a doença em 3.084 cães, que tiveram de ser sacrificados.

Na capital, até abril, foram registrados 19 casos de leishmaniose em humanos, com duas mortes.


VEJAM ESTE VIDEO


http://globominas.globo.com/GloboMinas/Noticias/MGTV/0,,MUL1596979-9033,00-CONTROLE+DA+LEISHMANIOSE+CAUSA+POLEMICA+ENTRE+VETERINARIOS+E+GOVERNO+EM+MIN.html

" Olhe no fundo dos olhos de um animal e, por um momento, troque de lugar com ele. A vida dele se tornará tão preciosa quanto a sua e você se tornará tão vulnerável quanto ele. Agora sorria, se você acredita que todos os animais merecem nosso respeito e nossa proteção, pois em determinado ponto eles são nós e nós somos eles." (Philip Ochoa)

"Jamais creia que os animais sofrem menos do que os humanos. A dor é a mesma para eles e para nós. Talvez pior, pois eles não podem ajudar a si mesmos.“ (Dr.. Louis J. Camuti)

Colaboração de Tamyris Petraca - agente de endemias.

Um comentário:

  1. Realmente, a matança de cães nao soluciona o problema da leishmaniose. Cada um deve fazer a sua parte, cuidando de seus quintais, e claro, a prefeitura tem que fazer a parte dela também, principalmente conscientizando as pessoas. Tanto é verdade que a eutanásia nao é a solução que em Araçatuba, em 2006, centenas de cães foram mortos e o índice de leishmaniose só aumentou!! Está na hora de o Ministério da Saúde começar a repensar sobre a forma adotada para acabar com a doença!!

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